quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Reportagem Festival Guadalest (vídeo)

De regresso a Portugal, e depois de umas férias merecidas, trazemos na bagagem as recordações que sobraram da pequena vila de Guadalest, no sul de Espanha. Na segunda edição do Festival de Guadalest houve calor, belas paisagens e acima de tudo boa música.

Primeiro dia

Num recinto ainda com poucas pessoas os espanhóis Quid Rides? inauguraram o festival. O evento posiciona-se numa linha definida entre o stoner rock e o psicadélico e é no primeiro subgénero que a banda aposta. Pouco deu para mostrar na meia hora que tocaram, no entanto serviram como uma espécie de trombeta de chamamento para avisar e chamar os que ainda não tinham percebido que o festival já tinha começado.

Até à entrada dos Colour Haze, o primeiro dia foi essencialmente marcado por bandas espanholas. Antes dos germânicos tocaram os Moön, Dixon II, Mater Dronic e os Traummaschine & Beiruth. Nas actuações das bandas anfitriãs destaca-se a opção pelo uso de duas baterias por parte dos Dixon II e pelos Traummaschine & Beiruth, que apesar da boa intenção acaba por, em certos momentos, resultar num som meio embrulhado e confuso. De qualquer forma, e apesar das referências de qualquer uma delas remeter para um imediato deja vú, premeia-se a atitude e a forma como encaram o palco. O clássico de Iggy and the Stooges, «TV Eye», teve curiosamente direito a duplo airplay pelas mãos dos Moön e dos Dixon II.

Colour Haze fecham em grande a primeira noite

Depois da insólita espera dos Colour Haze para iniciar o concerto, que aguardavam já em palco, prontos para tocar, que um performer acabasse o seu espectáculo, percebeu-se qual era a banda por quem o público esperava. Pela primeira vez a tocar em Espanha os alemães deram aquele que foi o concerto da noite. Stefan Koglek, o comandante do barco, ainda que não o tivesse que o fazer, provou aos presentes as suas capacidades técnicas, que se esbatem quando a matriz seguida é a melodia das suas composições. Escusada foi a repetição de que estava cansado, facto esse que o impedia de tocar mais, como justificou. De qualquer forma a memória que ficou em cada um dos que presenciaram o concerto acaba por, a longo prazo, apagar esse pormenor.



Segundo dia: Earthless ressuscitam espírito do rock

O dia que se seguiu, francamente mais forte do que o primeiro, teve como ponto alto a banda que fechou o festival. Os Earthless ressuscitaram em Guadalest o espírito do rock de guitarra puro e duro. Durante cerca de duas horas e meia o guitarrista Isaiah Mitchell, suportado por uma secção rítmica irrepreensível, despejou os solos de guitarra, que para os mais desatentos poderia suscitar a ideia de que estava a improvisar, mas no entanto manteve-se sempre fiel às gravações de estúdio. Depois de dois encores, sobretudo motivado por um pequeno grupo de portugueses, que rumaram do norte de Portugal até à pequena povoação, quase que se podia ver o sol a nascer. Só não chegou mesmo a acontecer porque os norte-americanos tinham um voo para apanhar.

Witchcraft: «Buenas noches Gualada»

Descendentes directos dos Black Sabbath, os Witchcraft conseguiram prender a audiência. Temas como «No Angel or Demon» ou «Queen of Bees» tiveram especial aprovação do público. Magnus Pelander conseguiu ainda arrancar algumas gargalhadas sempre que se referia ao nome do local onde estava a tocar, que segundo o guitarrista/vocalista se chamava Gualada. Ficou ainda a promessa do próprio de que os suecos tocam em Portugal no próximo ano. Resta esperar para saber se se concretiza.

Os Astra prepararam nada mais do que uma viagem pelo prog rock setentista. E conseguiram. Com teclados por vezes a lembrar uns Yes e com algumas linhas vocais a piscar o olho ao legado mais floydiano, conseguiram marcar pela positiva. Os temas longos não se tornaram maçudos ao vivo, pelo contrário, funcionaram mais como um novelo do qual não se tem pressa para encontrar a outra ponta.

Tocaram ainda os Mystic Frequency Worm, Causa Sui e os Viaje a 800, que mais uma vez revelaram ser a melhor banda do género em território espanhol.

Um comentário:

Jerry Garcia disse...

Os portugueses é que fazem a festa :D