O ano de 2009 é sem dúvida um dos de maior oferta de sempre no que toca a festivais de Verão dedicados ao metal em Portugal. A primeira edição do Vagos Open Air optou pela vertente mais melódica do género e, entre outras, levou à Lagoa de Calvão bandas como Katatonia, The Gathering, Cynic, Dark Tranquillity ou Amon Amarth.
vídeo: entrevista The Gathering
vídeo: concertos Vagos Open Air 2009
Katatonia: banda de estúdio?Pela terceira vez em Portugal os Katatonia despertaram a curiosidade dos fãs no sentido de tirar as teimas, de uma vez por todas, quanto à qualidade das sua actuações. Ainda que não tenha sido um mau concerto, e apesar de se ter assistido a um Jonas Renske mais comunicativo do que nas passagens anteriores, a verdade é que os suecos não conseguem transpor o brilhantismo das produções dos álbuns editados para cima de um palco, o que acaba por acentuar a ideia de que o habitat natural dos Katatonia é possivelmente o estúdio. Enquanto tocavam temas como «Ghost of The Sun», «My Twin», «July», «Teargas» ou «Evidence», música que fechou, foi possível assistir a algumas hesitações do baterista Daniel Liljekvist, que nos álbuns executa um trabalho de bateria irrepreensível. De referir ainda alguns problemas de som, que nada ajudaram a banda. Estes pormenores não fizeram de todo com que o público se retraísse. A recepção foi a melhor, resultado de uma vasta legião de fãs angariada ao longo dos anos no nosso país.
Há vida para além de AnnekeNuma noite de tira teimas, os The Gathering passaram o teste com nota máxima. Depois da saída de um elemento fulcral na história da banda, a estrutura nuclear passou por alguns momentos de aflição, mas nunca se pôs em causa a hipótese de cessarem funções, como explicou Hans Rutten (baterista) em
entrevista ao acordes de quinta. Silje Wergeland conseguiu ocupar o lugar deixado por Anneke van Giersbergen e cumpriu muito bem a sua missão em palco. Apesar de todas as comparações que possam advir desta mudança, a verdade é que não aconteceu por vontade dos The Gathering, louvando-se assim, mais uma vez, a remodelação e a vontade de continuar. Numa actuação apoiada essencialmente no último álbum «The West Pole», do qual tocaram «When Trust Becomes The Sun», «No One Spoke», «A Constant Run», «The West Pole» e All You Are», fizeram ainda um regresso ao passado para apresentarem «On Most Surfaces», «Analog Park», «Leaves», «Even The Spirits Are Afraid», «Great Ocean Road», «Saturnine» e «Travel», interpretadas à altura por Silje. Mais do que o alívio por parte dos fãs, que podem contar com uma vocalista que cumpre o papel que lhe é destinado, apesar de todas as comparações que possam ser apontadas, é ponto assente que os instrumentistas e os compositores continuam a ser os mesmos e que estão ainda no mais alto nível.
No primeiro dia do festival tocaram ainda os Epica, Kathaarsys, Process of Guilt e F.E.V.E.R, que não conseguimos apanhar por não nos ter sido possível chegar ao recinto mais cedo.
Para ver os vídeos de cada banda individualmente clicar na opção on demand no playerAmon Amarth: Vikings invadem terra de Cruzados
Os Amon Amarth são uma banda ao vivo por excelência. Johan Hegg e companhia encarnaram o espírito viking durante cerca de hora e meia e transformaram uma plateia de latinos numa espécie de guardiães das terras gelados do norte. No metal há também aquelas bandas às quais é inerente toda a componente teatral, onde os membros suportam uma personagem que passa da temática lírica dos álbuns para o espectáculo de palco. É essa linha que os Amon Amarth seguem, para além de serem músicos exímios e muito competentes. A banda fez jus ao título de uma das melhores bandas de metal ao vivo e fez com que o concerto em Vagos tenha sido um dos melhores do festival. Do alinhamento fizeram parte «Death In Fire», «Victorious March», «Cry Of The Black Birds», «Guardians Of Asgaard» e a inevitável «The Pursuit Of Vikings».
Dark Tranquillity dão concerto memorávelTambém da Suécia, os Dark Tranquillity, ao contrário da ideia de que são uma banda fraca em palco, surpreenderam com um concerto soberbo. Mikael Stanne numa forma incrível, com os graves e mesmo com a voz limpa no seu melhor, fez-se acompanhar pelo resto da banda no mesmo nível. Nem mesmo os problemas que tiveram em «Punishment My Haven», uma das músicas mais aguardadas pelos fãs, que os obrigou a interromper e a começar do início, arruinou a actuação dos suecos. Um concerto memorável que agarrou a plateia por completo. Para a posteridade ficam temas como «The Treason Wall», «Lost To Apathy»,«The Lesser Faith», «Therin», «Focus Shift», «The Wonders at your Feet», «Final Resistance» ou «Terminus».
Cynic: presenciar a história recente do metal ao vivoNão há dúvida de que os Cynic são uma das maiores bandas de culto no espectro do metal. Percursores de um género e respeitados pela herança que deixaram depois de «Focus» foram
sempre solicitados para um regresso. Com o lançamento do segundo álbum em 2008, a passagem para os palcos acabou por ser algo de natural. Em Vagos foi possível presenciar a história mais recente do metal ao vivo. Músicos de eleição que não se deixaram levar pelos problemas de som no início do concerto e a quem não se consegue apontar uma falha que seja. A banda de Paul Masvidal e Sean Reinert tocou quase na totalidade os dois álbuns de estúdio e demonstrou que o hiato de quase 15 anos entre gravações não precisa de se repetir.
No mesmo dia tocaram Echidna, Thee Orakle e Dawn Of Tears, que também não conseguimos apanhar, à excepção dos Thee Orakle de quem ainda conseguimos recolher algumas imagens em vídeo do concerto.